Livros podem ser usados para diminuir tempo de telas das crianças e adolescentes, dizem autoras teens
15/06/2025
(Foto: Reprodução) Tanto a autora Paula Pimenta quanto Thalita Rebouças concordam que a literatura é um ponto importante no processo de pré-adolescência. Para a escritora e professora Lavínia Rocha, os livros geram conexões importantes para a autoestima dos jovens. Livros podem ajudar a diminuir telas de crianças e adolescentes, apontam autoras
Autoras teens defendem que a leitura pode ser uma aliada no desafio de reduzir o tempo de exposição de crianças e adolescentes às telas de computadores e celulares.
Com obras voltadas para o público jovem — e lançamentos previstos para a Bienal do Livro —, elas afirmam que histórias envolventes ajudam a estimular a imaginação, criar hábitos mais saudáveis e promover momentos de desconexão do mundo digital.
“É muito importante incentivar esse gosto pela literatura desde cedo, ainda criança, porque não é depois de adulto que ele vai resolver pegar um livro pra ler. Tem pais que me perguntam: ‘como você conseguiu tirar minha filha da internet?’ E eu digo que levo a internet para o livro. É importante que eles leiam o que eles vivem e se identificam”, afirma Paula Pimenta, autora de "Fazendo meu Filme" e que lança “Apaixonada por você”, um livro de crônicas, na Bienal.
Autora Paula Pimenta
Divulgação
Para Thalita Rebouças, a linguagem é um dos principais fatores para gerar o interesse pela leitura.
“Essa idade a partir dos 9 até os 12, 13 anos, que é quando você já não é mais criança, você não lê mais os livros ilustrados e está fazendo essa transição para a leitura sem figura. É aí que geralmente a criança abandona o livro”, diz a escritora.
Segundo ela, foi um privilégio ter sido escolhida por esse público, que considera exigente.
“Até então o livro era uma pirotecnia, solta fogos, sai castelos, sai tudo de dentro dos livros e do nada é só palavra, palavra, página, palavra. Então eu pensei: ‘sou muito privilegiada de ter sido escolhida por essa galera' que, se está lendo agora, vai seguir lendo porque vira um hábito”, acrescenta.
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Thalita Rebouças
Divulgação
A autora Paula Pimenta concorda que, ao se criar o hábito nessa idade, ele se prolonga para o resto da vida.
“Ler é um vírus, você pega e não quer largar nunca mais. A pessoa que se vicia naquilo estará sempre buscando novos livros, leva um livro para todos os lugares, então tem que incentivar desde cedo”, diz.
Pimenta destaca ainda que a leitura nos primeiros anos da pré-adolescência influencia no entendimento dos jovens sobre os processos que estão vivendo, como a puberdade.
“Quando a gente lê, a gente se muda para aquele universo e acaba tendo empatia pelos personagens, aprende com eles e acaba se fundindo nesses aprendizados deles."
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Autora e pedagoga Lavínia Rocha
Reprodução/Werner Rehm
A autora Lavínia Rocha, que ganhou destaque com a aula “O que você pensa quando eu falo em África?” — transformada em livro com lançamento marcado para sábado (14) — reforça a importância de promover identificação racial e social nas obras literárias, algo que, segundo ela, contribui diretamente para o fortalecimento da autoestima.
“Eu sempre li muitos livros que tinham protagonistas brancos, então minha referência era essa. Eu queria ter o cabelo liso, o olho claro e a pele branca. Meu ponto de virada foi quando pensei ‘eu queria que tivesse uma personagem que se parecesse comigo’ e aí eu fui escrever, fui criar essa personagem”, conta Lavínia, que também é pedagoga.
“E aí eu percebi que quando eu faço esse movimento, era um movimento que atingia mais pessoas. Crianças e adolescentes batem o olho e falam: ‘ó, parece comigo, parece com meu cabelo’”, conta.
Para ela, abordar a questão racial nos livros é uma forma de mostrar aos jovens que eles também podem se ver representados em narrativas como histórias de amor, superação e conquistas.
“A questão é de que forma aquilo pode ser divertido para a criança, já que ela tem os próprios interesses. O que ela quer? O que ela sonha? Quais são os debates do momento? As dificuldades? Isso precisa ser levado em conta na hora de escolher as leituras”, fala a autora.
Ela indica também que os livros sejam retirados da ficção e levados para a vida real, como visitar um lugar da história com os adolescentes ou levá-los a encontros literários, bibliotecas públicas, livrarias - tudo que possa tornar físico o que está sendo retratado na leitura.
Rebouças dá uma dica semelhante, mas no ambiente familiar:
“O Ziraldo falava uma coisa que eu amava: ‘não adianta você falar para ler, se você não lê’. É a mesma coisa do celular. O livro é um grande facilitador de diálogo dentro de casa, então meu livro novo fala de bullying, primeira menstruação e outros temas dessa fase."
"Então, leiam com seus filhos. A criança vai ficar feliz de ver você interessada pelos assuntos dela”, aponta a autora, que lança "Diário de uma garota esquisita" no domingo (15), na Bienal.